Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 12:44 Assunto: Portugal pode falir? Soluções!
Normalmente é à noite, já na cama, que tenho a melhor oportunidade do dia para ler, e juro-vos que já tentei por várias vezes debruçar-me sobre matérias que digam respeito a economia, tentar perceber o que eram "inflows" e "outflows", como se pode "shortar a Libra", ou porque se inverte a "curva de yield das maturidades dos titulos de divida".
Agora, sempre que tenho insónias, volto a essas leituras e é num instante que ganho sono e adormeço! - É mais forte do que eu.
Não estou a dizer que n sejam assuntos importantíssimos, aliás, aprecio entender como podemos ser afectados (e muitas vezes roubados) por artifícios de economia, mas os códigos a aprender para desvendar tão hermética sabedoria aparecem-me aos olhos impregnados de substâncias que me fazem dormir...
Tenho então, como alternativa, aproveitado essa tão preciosa altura de pré-ferrar para estudar várias teorias de possíveis reacções à crise, a um possível colapso financeiro, ou formas de fazer a transição para um sistema ecológico, socialmente mais justo e financeiramente viável.
Acreditem, pelo que tenho visto, é mesmo possível entregarmo-nos a tudo isto sem que tenhamos de começar a tocar djambé, didgeridoo ou começar a deixar crescer rastas.
Não venho para aqui atirar-vos soluções, até porque ainda n alcancei tamanha iluminação, mas gostaria de compartilhar alguns conceitos ou exemplos que a meu ver fazem todo o sentido.
Li há pouco na net, e não vos consigo assegurar a veracidade da história, que houve um acidente entre dois camiões mesmo no centro de França - um cão ter mordido num homem não é notícia, já quando um homem morde no cão... - acontece que os ditos camiões transportavam ("ambos os dois") tomates e um vinha de Portugal para a Alemanha, o outro, imagine-se, da Alemanha para Portugal.
Da história, sendo ela verdadeira ou não, podem retirar-se inúmeras conclusões. A meu ver ela ilustra a lógica, ou a falta dela, que tem assistido à nossa economia de mercado.
O petróleo esteve sempre tão disponível nas últimas largas décadas que a sociedade não está habituada a racioná-lo ou usá-lo de forma inteligente. Não sou contra o petróleo, acho que ele, de certa forma, permitiu-nos almejar enormes benefícios, mas intui-se que estamos numa fase descendente da sua disponibilidade no mundo e é necessário criarmos, desde já, alguma resiliência para a sua falta.
Neste contexto aparece a ideia de "Transition Towns", movimento, já implementado nalgumas cidades e em forte expansão, que pretende mudar todos aqueles aspectos na vida e nos hábitos que podem dotar uma comunidade de maior sustentabilidade, torná-la mais resistente aos efeitos de uma crise financeira (nomeadamente relativa ao aumento do preço do petróleo) e reduzir drasticamente a sua má conduta ecológica.
Aconselho a consulta do "THE TRANSITION HANDBOOK" do Rob Hopkins, e deixo aqui dois vídeos deste senhor:
e
A Permacultura, enquanto ferramenta teórica-ó-prática de design de sistemas de escala humana, é igualmente uma fonte de conhecimento a divulgar - estou inclusivamente a fazer um curso e aconselho a todos os potenciais interessados a fazer o mesmo.
Ao fim ao cabo as mudanças que desejamos dependem em muito da nossa inteligência e predisposição em mudar a nossa conduta.
A rematar e para os resistentes deixo ainda um excelente episódio do south park acerca dos wall-marts:
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 13:56 Assunto:
Uma solução que "prego" há anos: investimento nos caminhos de ferro!!!!
Tanto asfalto para quê? A A6 está sempre às moscas, é cara - Lisboa - Évora - 10,65€ saindo na saida de Montemor!!
Tudo o que é produtos e matérias primas deambulam por este país fora encima de asfalto, e com isso agradecem as petroliferas!!
Em termos de transportes públicos, é impossível ir, por exemplo, de Évora a Castelo Branco directamente. Ou ir de Faro a Bragança! E querem eles fazer um TGV!!! Para quê?!
O que tu falas, relativamente aos camiões é tem basicamente a ver com a globalização, e põe a nu o ridiculo e ineficiente que é este sistema globalizado que tanta gente elogia!! Vai também de encontro àquilo que disse no outro tópico, relativamente às quotas de produção, subsidios ao abate das frotas de pesca e incentivos à não produção. Portugal, como disse aí, é hoje um país com o seu tecido produtivo totalmente esfrangalhado, e como tal não tem capacidade produtiva suficiente para ter um elevado grau de autonomia - importamos quase tudo e o que exportamos não equilibra a balança de maneira nenhuma. É óbvio que existem matérias primas para as quais é impossivel sermos autosuficientes, nomeadamente a energia... ainda assim, relembro que, segundo números de 2008 a Dinamarca produzia 20% da sua energia através das eólicas, nomeadamente offshore!! Já tinha dito que Portugal tem uma área económica exclusiva BRUTAL e portanto, muito onde colocar turbinas offshore?
A globalização teve efeitos positivos, que na minha opinião se circunscrevem ao acesso ao meios de informação.
Portanto, essa perspectiva mais "act local, think global" parece-me perfeitamente sustentável. Dirão que é uma regressão civilizacional! Eu direi que o actual padrão de desenvolvimento é que é uma regressão civilizacional, visto que por estes moldes, a raça humana dificilmente se perpectuará neste planeta por muitos mais séculos!!
Epá, ó pedro, no outro dia puz-me lá a ler as cenas da permacultura, e lá num site tuga de permacultura, por sinal muito frequentado, dei comigo a ler as discussões de anarco-primitivistas!!
Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 14:37 Assunto:
wazaaa escreveu:
A A6 está sempre às moscas, é cara - Lisboa - Évora - 10,65€ saindo na saida de Montemor!!
Salvo erro são 6,80€ vindo pela Ponte 25 de Abril, eheh!
wazaaa escreveu:
Epá, ó pedro, no outro dia puz-me lá a ler as cenas da permacultura, e lá num site tuga de permacultura, por sinal muito frequentado, dei comigo a ler as discussões de anarco-primitivistas!!
Eu disse que n era preciso saber tocar djambé, mas eles ecoam muito por estes meios, lol!
De todas as formas acho que devo reforçar que estas ideologias são apartidárias e só por acaso, uma das pessoas que sei por detrás do projecto da tentativa de implementação de uma transition town cá em Portugal (Pombal - perto de Aveiro) até era filiado no PP.
Sei que já existem inclusivamente contactos para implementar localmente um banco, seguindo um modelo dum sueco, o JAK, que não aplica juros (pelo menos da forma como o costumamos ver aplicado).
Para quem goste e n se deixe dormir como eu deixo aqui um PDF que esclarece como ele funciona - PDF - JAK
e alguns comentários que li acerca do mesmo:
"... li o pdf (...) e a primeira observação que faço é que, se bem entendi, a expressão que ali se encontra para cálculo da taxa (fee) é a do cálculo do juro simples (o juro composto é bem mais penalizador), ou seja, na realidade o JAK aplica um juro sobre dinheiro emprestado aos associados, e portanto não se trata de um sistema sem juros, apesar de poderem ser baixos, pois o JAK não tem fins lucrativos. Seja como for, temos de aceitar que se os custos de estrutura têm de ser suportados por alguém, então que sejam pelo tomador do empréstimo. Parece-me consensual.
Relativamente ao pdf em geral constatei o seguinte:
- um associado = um aforrador = um voto (na assembleia geral?).
- o JAK não tem fins lucrativos.
- o JAK é uma caixa de aforro entre cooperantes/associados. Não sei se o Montepio será o equivalente nos dias de hoje, mas teve idênticas origens. No livro que mencionei são citados exemplos semelhantes que remontam o século XIX, o século da bagunça financeira, da desregulamentação, quando era frequente a bancarrota de bancos prejudicando os depositantes, sendo que este tipo de associações surgia na tentativa de fugir da banca comercial.
- o JAK obriga o tomador do empréstimo a deixar como reserva 6% do emprestado. Ao que parece o tomador do empréstimo não recupera mais este dinheiro. Acho estranho. Este aspecto não me ficou bem esclarecido. Penso que esta percentagem é equivalente ao “tier 1” do sistema bancário, correspondendo ao montante que os bancos deverão ter como reserva própria para cobrir os depósitos dos depositantes, e que normalmente anda à volta deste valor (recentemente devido à crise, foram obrigados a subir o “tier1” para 8% se não estou em erro, ou seja, se houver uma corrida aos bancos para levantar depósitos, só lá existe 8%).
- o JAK entende que o volume de empréstimos não deve superar o volume dos depósitos dos cooperantes, ou seja, empresta o que tem para não ter de recorrer a empréstimos a outros bancos (alavancagem), negando assim o modelo fraccionário do sistema bancário existente, o que me parece benéfico, mas no essencial salvaguarda que a banca comercial tome de algum modo o controlo do JAK através de condições que possa impor.
- o JAK (agora banco devido à necessidade de rentabilizar as poupanças, imagino) faz investimentos em títulos do tesouro e em aplicações de outros bancos, ou seja, de certo modo especula, o que equivale a correr riscos."
Como podem ver por esta análise nem tudo é óptimo, mas parece-me ser uma boa ferramenta para evoluir. _________________ http://vagueares.blogspot.com
Registo: Nov 06, 2008 Mensagens: 1489 Local/Origem: Aqui nasceu Portugal e ali avistei Ana
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 15:12 Assunto:
Tendo lido tudo na diagonal, gostei. Espero que logo possa responder com mais substância, mas adianto já que gostei muito da iniciativa do Pedro e do comentário do wazaa. É provavelmente esta resposta óbvia ao nosso problema: a abordagem ás questões.
Aproveitando a boleia do problema do vulcão, acho piada à maneira como a situação tem sido abordada, e dou graças pelo conformismo das pessoas que aguardam pacientemente. A pressa e a evolução (a rapidez como se evolui) tem de ser repensada e a pressa de ter "new and fresh" tem de ser moderado.
Para isso, e lançando uma acha (é mais gasolina...) para a fogueira, gostava que o país e o mundo tomassem de exemplo que os 2 primeiros foristas a abordar a questão são precisamente alentejanos de alma. Após isto, tenho que incitar à revolução e ao alentejo como superpotência mundial do pensamento, do novo pensar, do novo maneirismo!
Allez enfants de la patrie! _________________ «Sous les pavés, la plage»
Debaixo das pedras da calçada, está a areia da praia...
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 15:16 Assunto:
pedrointhehouse escreveu:
wazaaa escreveu:
A A6 está sempre às moscas, é cara - Lisboa - Évora - 10,65€ saindo na saida de Montemor!!
Salvo erro são 6,80€ vindo pela Ponte 25 de Abril, eheh!!!
Eu foi da Vasco da Gama!!
pedrointhehouse escreveu:
De todas as formas acho que devo reforçar que estas ideologias são apartidárias e só por acaso, uma das pessoas que sei por detrás do projecto da tentativa de implementação de uma transition town cá em Portugal (Pombal - perto de Aveiro) até era filiado no PP.
Apartidárias acredito que sejam, mas enquanto ideologias não são obviamente apoliticas! No fundo, falamos de um modelo económico-social, o que tem sempre uma génese ideológica e uma repercussão politica.
Essas ideologias, como lhe chamas, estão genéticamente próximas do mutualismo e do cooperativismo. Em certa medida também do colectivismo, mas aí depende.
Qualquer das formas, essa visão, para ser efectiva e realizável tem de ser projectada em larga escala, e como tal, não se pode manter na ambiguidade politica, porque a politica é e sempre será, ponto fundamental nas intenções e nos actos de mudança social.
A não ser que, nos queiramos manter, como todos os grupos apoliticos do século XX (hippies, pacifistas, primitivistas, individualistas, nihilistas, etc) como ilhas isoladas da sociedade, na perspectiva lirica de estando a fazer a nossa parte. Se realmente se quer mudar a sociedade, recorrendo a estas ou outras perspecitvas económico-sociais tem de se perspectivar uma mudança em larga escala. E como tal, tem de se enfrentar o status quo. Daí que o Ying e o Yang do pensamento politico sejam o conservadorismo e o progressismo, a direita e a esquerda, aqueles que querem manter o sistema vigente (sejam quais forem as razões) e aqueles que não estando satisfeitos, querem mudá-la!
Onde quero chegar com esta conversa é: eu simpatizo sempre muito com esses movimentos, enquanto processos de intenções, mas desconfio sempre quando estes mesmos movimentos se tentam demarcar politicamente do espectro. Na minha perspectiva, não existem movimentos que preconizem mudança económica e social que possam ser apoliticos. Por exemplo, para mim é totalmente contraproducente alguém que se inclua nestes movimentos, ser partidário de qualquer partido politico, pois só o facto de se ser militante de um partido, já se está a "castrar" intelectualmente, indo contra aquilo que são as ideias do seu movimento.
pedrointhehouse escreveu:
Sei que já existem inclusivamente contactos para implementar localmente um banco, seguindo um modelo dum sueco, o JAK, que não aplica juros (pelo menos da forma como o costumamos ver aplicado).
Para quem goste e n se deixe dormir como eu deixo aqui um PDF que esclarece como ele funciona - PDF - JAK
e alguns comentários que li acerca do mesmo:
"... li o pdf (...) e a primeira observação que faço é que, se bem entendi, a expressão que ali se encontra para cálculo da taxa (fee) é a do cálculo do juro simples (o juro composto é bem mais penalizador), ou seja, na realidade o JAK aplica um juro sobre dinheiro emprestado aos associados, e portanto não se trata de um sistema sem juros, apesar de poderem ser baixos, pois o JAK não tem fins lucrativos. Seja como for, temos de aceitar que se os custos de estrutura têm de ser suportados por alguém, então que sejam pelo tomador do empréstimo. Parece-me consensual.
Relativamente ao pdf em geral constatei o seguinte:
- um associado = um aforrador = um voto (na assembleia geral?).
- o JAK não tem fins lucrativos.
- o JAK é uma caixa de aforro entre cooperantes/associados. Não sei se o Montepio será o equivalente nos dias de hoje, mas teve idênticas origens. No livro que mencionei são citados exemplos semelhantes que remontam o século XIX, o século da bagunça financeira, da desregulamentação, quando era frequente a bancarrota de bancos prejudicando os depositantes, sendo que este tipo de associações surgia na tentativa de fugir da banca comercial.
- o JAK obriga o tomador do empréstimo a deixar como reserva 6% do emprestado. Ao que parece o tomador do empréstimo não recupera mais este dinheiro. Acho estranho. Este aspecto não me ficou bem esclarecido. Penso que esta percentagem é equivalente ao “tier 1” do sistema bancário, correspondendo ao montante que os bancos deverão ter como reserva própria para cobrir os depósitos dos depositantes, e que normalmente anda à volta deste valor (recentemente devido à crise, foram obrigados a subir o “tier1” para 8% se não estou em erro, ou seja, se houver uma corrida aos bancos para levantar depósitos, só lá existe 8%).
- o JAK entende que o volume de empréstimos não deve superar o volume dos depósitos dos cooperantes, ou seja, empresta o que tem para não ter de recorrer a empréstimos a outros bancos (alavancagem), negando assim o modelo fraccionário do sistema bancário existente, o que me parece benéfico, mas no essencial salvaguarda que a banca comercial tome de algum modo o controlo do JAK através de condições que possa impor.
- o JAK (agora banco devido à necessidade de rentabilizar as poupanças, imagino) faz investimentos em títulos do tesouro e em aplicações de outros bancos, ou seja, de certo modo especula, o que equivale a correr riscos."
Como podem ver por esta análise nem tudo é óptimo, mas parece-me ser uma boa ferramenta para evoluir.
Isso é algo muito semelhante às cooperativas de crédito!
Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 15:51 Assunto:
wazaaa escreveu:
pedrointhehouse escreveu:
wazaaa escreveu:
A A6 está sempre às moscas, é cara - Lisboa - Évora - 10,65€ saindo na saida de Montemor!!
Salvo erro são 6,80€ vindo pela Ponte 25 de Abril, eheh!!!
Eu foi da Vasco da Gama!!
pedrointhehouse escreveu:
De todas as formas acho que devo reforçar que estas ideologias são apartidárias e só por acaso, uma das pessoas que sei por detrás do projecto da tentativa de implementação de uma transition town cá em Portugal (Pombal - perto de Aveiro) até era filiado no PP.
Apartidárias acredito que sejam, mas enquanto ideologias não são obviamente apoliticas! No fundo, falamos de um modelo económico-social, o que tem sempre uma génese ideológica e uma repercussão politica.
Essas ideologias, como lhe chamas, estão genéticamente próximas do mutualismo e do cooperativismo. Em certa medida também do colectivismo, mas aí depende.
Qualquer das formas, essa visão, para ser efectiva e realizável tem de ser projectada em larga escala, e como tal, não se pode manter na ambiguidade politica, porque a politica é e sempre será, ponto fundamental nas intenções e nos actos de mudança social.
A não ser que, nos queiramos manter, como todos os grupos apoliticos do século XX (hippies, pacifistas, primitivistas, individualistas, nihilistas, etc) como ilhas isoladas da sociedade, na perspectiva lirica de estando a fazer a nossa parte. Se realmente se quer mudar a sociedade, recorrendo a estas ou outras perspecitvas económico-sociais tem de se perspectivar uma mudança em larga escala. E como tal, tem de se enfrentar o status quo. Daí que o Ying e o Yang do pensamento politico sejam o conservadorismo e o progressismo, a direita e a esquerda, aqueles que querem manter o sistema vigente (sejam quais forem as razões) e aqueles que não estando satisfeitos, querem mudá-la!
Onde quero chegar com esta conversa é: eu simpatizo sempre muito com esses movimentos, enquanto processos de intenções, mas desconfio sempre quando estes mesmos movimentos se tentam demarcar politicamente do espectro. Na minha perspectiva, não existem movimentos que preconizem mudança económica e social que possam ser apoliticos. Por exemplo, para mim é totalmente contraproducente alguém que se inclua nestes movimentos, ser partidário de qualquer partido politico, pois só o facto de se ser militante de um partido, já se está a "castrar" intelectualmente, indo contra aquilo que são as ideias do seu movimento.
pedrointhehouse escreveu:
Sei que já existem inclusivamente contactos para implementar localmente um banco, seguindo um modelo dum sueco, o JAK, que não aplica juros (pelo menos da forma como o costumamos ver aplicado).
Para quem goste e n se deixe dormir como eu deixo aqui um PDF que esclarece como ele funciona - PDF - JAK
e alguns comentários que li acerca do mesmo:
"... li o pdf (...) e a primeira observação que faço é que, se bem entendi, a expressão que ali se encontra para cálculo da taxa (fee) é a do cálculo do juro simples (o juro composto é bem mais penalizador), ou seja, na realidade o JAK aplica um juro sobre dinheiro emprestado aos associados, e portanto não se trata de um sistema sem juros, apesar de poderem ser baixos, pois o JAK não tem fins lucrativos. Seja como for, temos de aceitar que se os custos de estrutura têm de ser suportados por alguém, então que sejam pelo tomador do empréstimo. Parece-me consensual.
Relativamente ao pdf em geral constatei o seguinte:
- um associado = um aforrador = um voto (na assembleia geral?).
- o JAK não tem fins lucrativos.
- o JAK é uma caixa de aforro entre cooperantes/associados. Não sei se o Montepio será o equivalente nos dias de hoje, mas teve idênticas origens. No livro que mencionei são citados exemplos semelhantes que remontam o século XIX, o século da bagunça financeira, da desregulamentação, quando era frequente a bancarrota de bancos prejudicando os depositantes, sendo que este tipo de associações surgia na tentativa de fugir da banca comercial.
- o JAK obriga o tomador do empréstimo a deixar como reserva 6% do emprestado. Ao que parece o tomador do empréstimo não recupera mais este dinheiro. Acho estranho. Este aspecto não me ficou bem esclarecido. Penso que esta percentagem é equivalente ao “tier 1” do sistema bancário, correspondendo ao montante que os bancos deverão ter como reserva própria para cobrir os depósitos dos depositantes, e que normalmente anda à volta deste valor (recentemente devido à crise, foram obrigados a subir o “tier1” para 8% se não estou em erro, ou seja, se houver uma corrida aos bancos para levantar depósitos, só lá existe 8%).
- o JAK entende que o volume de empréstimos não deve superar o volume dos depósitos dos cooperantes, ou seja, empresta o que tem para não ter de recorrer a empréstimos a outros bancos (alavancagem), negando assim o modelo fraccionário do sistema bancário existente, o que me parece benéfico, mas no essencial salvaguarda que a banca comercial tome de algum modo o controlo do JAK através de condições que possa impor.
- o JAK (agora banco devido à necessidade de rentabilizar as poupanças, imagino) faz investimentos em títulos do tesouro e em aplicações de outros bancos, ou seja, de certo modo especula, o que equivale a correr riscos."
Como podem ver por esta análise nem tudo é óptimo, mas parece-me ser uma boa ferramenta para evoluir.
Isso é algo muito semelhante às cooperativas de crédito!
Por partes:
De facto falei de apartidários, não de apolíticos.
Não concordo contigo quando dizes que "a politica é e sempre será, ponto fundamental nas intenções e nos actos de mudança social.". Não é assim que vejo as coisas! Acho que o sistema político é quase sempre um empecilho à mudança, tal como as regras por vezes são umas empatas para a criatividade e a busca de novas soluções. A meu ver a mudança tb se pode conseguir pelo bom exemplo, pela boa influência, começando pelas mentalidades...
Já fui a muitos debates de partidos políticos e vejo-os sempre pecar na parte da acção... a procurara de protagonismo e de militantes desvirtua-lhes completamente o discernimento e as intenções.
Eu prefiro dar os meus passos à margem da política.
De todas as formas penso que não é de entrar por aí!
Grande Peter, engraçado falares da pressa e da evolução... de facto estes movimentos apelam a uma mudança de ritmos, à simplicidade voluntária (em oposição à simplicidade forçada a que a pobreza vota tanta gente). - se puderes ouve o programa de rádio que deixei acima, pq ele é precisamente acerca de uma caminhada simbólica que se fez por esse propósito!
Não concordo contigo quando dizes que "a politica é e sempre será, ponto fundamental nas intenções e nos actos de mudança social.". Não é assim que vejo as coisas! Acho que o sistema político é quase sempre um empecilho à mudança, tal como as regras por vezes são umas empatas para a criatividade e a busca de novas soluções. A meu ver a mudança tb se pode conseguir pelo bom exemplo, pela boa influência, começando pelas mentalidades...
O que tu encaras como empecilho não é propriamente a politica. O que tu encaras como empecilho é a prática politica. Porque é assim: quando queres mudar alguma coisa em sociedade, ou forças a mudança contra vontade da maioria e/ou da casta dirigente, ou esperas que haja um sentimento de consenso quanto à ideia que propões e as pessoas fazem-no voluntariamente.
Acontece que, nas sociedades actuais, os individuos só expressam a sua vontade (quando expressam) uma vez em cada 4 anos numas eleições. Neste hiato temporal, quem decide é uma minoria "representativa" com todas as condicionantes daí advindas, e como tal, como bem se sabe, a vontade individual do conjunto, pode não ser a mesma coisa que a vontade da minoria que representa o conjunto.
Por outro lado, só o facto de tu quereres fazer uma mudança nas mentalidades através do exemplo, é por si só um acto politico. Se queres persuadir outros a seguir uma tua ideia, estás a fazer politica, utilizes que artificios utilizares. Jesus era um excelente politico.
Tudo o que seja a mediação das liberdades dos individuos que se tocam é politica!
Segundo a Wikipédia: "Política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa).[1] Nos regimes democráticos,a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado chamadas "polis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim "politicus" e chegaram às línguas européias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados".[2]
O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.
O livro de Platão traduzido como "A República" é, no original, intitulado "Πολιτεία" (Politeía)."
pedrointhehouse escreveu:
Já fui a muitos debates de partidos políticos e vejo-os sempre pecar na parte da acção... a procurara de protagonismo e de militantes desvirtua-lhes completamente o discernimento e as intenções.
Eu prefiro dar os meus passos à margem da política.
De todas as formas penso que não é de entrar por aí!
Como sabes sou frontalmente contra os partidos, portanto e como tal, partilho da tua opinião neste ponto.
Pessoalmente, não consigo dissociar nenhum tipo de movimento, do pensamento e da acção politica, porque qualquer movimento que tenha como objectivo condicionar a organização da sociedade está precisamente a fazer politica (segundo a definição de politica)!
Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 18:42 Assunto:
wazaaa escreveu:
Por outro lado, só o facto de tu quereres fazer uma mudança nas mentalidades através do exemplo, é por si só um acto politico. Se queres persuadir outros a seguir uma tua ideia, estás a fazer politica, utilizes que artificios utilizares. Jesus era um excelente politico.
A questão é que eu n pretendo mudar a mentalidade de ninguém... logo tb n me vejo a actuar politicamente.
A minha ideia foi apenas a de apresentari alguns conceitos que cada um poderá avaliar por si.
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 18:51 Assunto:
pedrointhehouse escreveu:
wazaaa escreveu:
Por outro lado, só o facto de tu quereres fazer uma mudança nas mentalidades através do exemplo, é por si só um acto politico. Se queres persuadir outros a seguir uma tua ideia, estás a fazer politica, utilizes que artificios utilizares. Jesus era um excelente politico.
A questão é que eu n pretendo mudar a mentalidade de ninguém... logo tb n me vejo a actuar politicamente.
A minha ideia foi apenas a de apresentari alguns conceitos que cada um poderá avaliar por si.
Mas obrigado por me comparares com Jesus... acho eu, lol!
Oh, não pretendes?!
Então qual a lógica da divulgação da permacultura e de outras formas sustentáveis de produção, por exemplo?! Tu próprio dizes que se pode mudar as mentalidades dando o exemplo!
Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 21:37 Assunto:
wazaaa escreveu:
Tu próprio dizes que se pode mudar as mentalidades dando o exemplo!
Pode, mas não tem de haver necessariamente essa intenção, lol!
wazaaa escreveu:
Quando é que pagas uma cerveja pá?!
Há pouco tentei ligar-te p combinarmos isso... esta quinta feira devo passar por aí por lx e está me cá a parecer que deve dar p dar uma surfada bem relaxada... _________________ http://vagueares.blogspot.com
Registo: Nov 06, 2008 Mensagens: 1489 Local/Origem: Aqui nasceu Portugal e ali avistei Ana
Colocada: Ter, 20 Abr 2010 - 23:35 Assunto:
pedrointhehouse escreveu:
wazaaa escreveu:
Por outro lado, só o facto de tu quereres fazer uma mudança nas mentalidades através do exemplo, é por si só um acto politico. Se queres persuadir outros a seguir uma tua ideia, estás a fazer politica, utilizes que artificios utilizares. Jesus era um excelente politico.
A questão é que eu n pretendo mudar a mentalidade de ninguém... logo tb n me vejo a actuar politicamente.
A minha ideia foi apenas a de apresentari alguns conceitos que cada um poderá avaliar por si.
Mas obrigado por me comparares com Jesus... acho eu, lol!
Pois, o Wazaa gosta de xadrez... e fez xeque mate
Ele tem razão, e de facto quase toda esta divulgação pode ser considerada como actos políticos. E depois? Se tiver de ser rotulado desta forma... será. Mas se calhar, e pelo tema que se está a discutir, já se mudava também o nome da palavra (??). Todos os dias, pela hora das noticias, apetece sangue, sem cravos!
Temos realmente de mudar mentalidades, e temos precisamente de ganhar coragem para começar por nós próprios. De abandonar o conforto, esse que é o 8º pecado.
Voltando à politica, acho honestamente que nunca houve uma necessidade tão urgente como na actualidade, de voltar ás palestras na rua, publicas, espontâneas, honestas, cruas e com raiva. Sei que o problema cai na interpretação, e principalmente na falta dela. Mas se temos de começar pela forma de fazer politica (ou como dizia o outro... "passar a palavra do senhor") então seja.
As sociedades nasceram e desenvolveram-se através das necessidades e a necessidade agora já nem é alertar, porque já é tarde para isso, é mudar já as mentalidades, obrigar as pessoas a pensar na pegada ecológica que deixam a cada acto diário que protagonizam. Tem de ser através da auto consciência, da auto analise e cada um assumir a responsabilidade de pensar se precisa realmente de gastar mais um par de calças feitas na China, de mais 1 telemóvel, de comer mais um hambúrguer, etc...
É tempo de mudança.
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre, tomando sempre novas qualidades
E se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, e do bem, se algum houve, as saudades
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E em mim converte, e em mim converte em choro o doce canto
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía
Que não se muda, que não se muda já como soía
Mas se todo o mundo é composto de mudança
Troquemos-lhes as voltas que ainda o dia é uma criança » _________________ «Sous les pavés, la plage»
Debaixo das pedras da calçada, está a areia da praia...
Registo: Nov 06, 2008 Mensagens: 1489 Local/Origem: Aqui nasceu Portugal e ali avistei Ana
Colocada: Qui, 27 Mai 2010 - 10:46 Assunto:
Citação:
"Um por todos, todos por um", é a palavra de ordem em Sever, Moimenta da Beira, onde homens e máquinas estão a abrir e a reparar caminhos agrícolas, sem cobrar um cêntimo, em nome do bem comum. É o regresso às aldeias do trabalho em comunidade.
Chegam às oito da manhã, mangas arregaçadas para uma jornada que pode ir até ao sol posto, e passam horas a carregar, a espalhar e a calcar aterro em caminhos agrícolas onde mal passava um carro de bois. Não olham para o relógio. Apenas param, quando o dia vai a meio, para reconfortar o estômago por conta da Junta de Sever. No fim da jorna, a saudação é a única moeda de troca.
"O mínimo que podíamos fazer pela dezena e meia de homens que se juntaram neste desafio, era garantir-lhes o almoço. Até porque muitos deles faltaram ao trabalho para estarem aqui com os seus tractores. É um verdadeiro exemplo de cidadania", reconhece Marcelino Ramos Ferreira, presidente da autarquia.
Poupança de milhares de euros
A ideia de apelar à solidariedade dos cidadãos partiu do autarca de Sever e foi ditada pela escassez de recursos financeiros e pela urgência em criar condições nos acessos para o transporte da maçã.
"Reuni com o pessoal num sábado, e na segunda-feira seguinte já o grupo estava disponível", revela Marcelino Ferreira. Que voltou ontem, com todos os voluntários, para mais uma jornada de reparação e alargamento dos caminhos para os pomares. "Já temos transitáveis duas dezenas de quilómetros", regozija-se.
O autarca admite que se o serviço fosse pago, o investimento era incomportável para a junta.
"Contando que cada um dos 16 tractores custa 240 euros por dia, em dois, teríamos desembolsado cerca de oito mil euros. Sem contar as retroescavadoras da Junta e da Câmara e ainda a mão de obra", explica Marcelino Ferreira.
Outro factor de sucesso é a disponibilidade dos proprietários na cedência de terreno. "Sem essas faixas, não poderíamos, em alguns casos, avançar. Chegamos a deitar muros abaixo com o seu assentimento", enfatiza.
Os caminhos arranjados permitem que a fruta chegue sã às cooperativas. "Os atrelados podem transportar 14 palotes de maçã, cada um com 400 quilos, que se for entregue pisada sofre uma penalização de 10 a 15%", explica um dos homens que, como os demais, é produtor de maçã.
"Esta união de esforços fomenta o espírito de comunidade. O povo sabe que está a cuidar dos seus interesses e pode contar com os meios municipais", congratula-se José Eduardo, presidente da Câmara de Moimenta da Beira.
in JN _________________ «Sous les pavés, la plage»
Debaixo das pedras da calçada, está a areia da praia...
Registo: Oct 07, 2005 Mensagens: 3733 Local/Origem: Subúrbios de Lisboa
Colocada: Qui, 27 Mai 2010 - 10:52 Assunto:
felizmente há exemplos de que nem todos olham para o seu próprio umbigo. felizmente ainda não se perdeu na totalidade a ideia de comunidade, no sentido em que não vivemos sozinhos e isolados socialmente e demitidos de qq acto de cidadania voluntariosa
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qui, 27 Mai 2010 - 11:01 Assunto:
PetervD escreveu:
Citação:
"Um por todos, todos por um", é a palavra de ordem em Sever, Moimenta da Beira, onde homens e máquinas estão a abrir e a reparar caminhos agrícolas, sem cobrar um cêntimo, em nome do bem comum. É o regresso às aldeias do trabalho em comunidade.
Chegam às oito da manhã, mangas arregaçadas para uma jornada que pode ir até ao sol posto, e passam horas a carregar, a espalhar e a calcar aterro em caminhos agrícolas onde mal passava um carro de bois. Não olham para o relógio. Apenas param, quando o dia vai a meio, para reconfortar o estômago por conta da Junta de Sever. No fim da jorna, a saudação é a única moeda de troca.
"O mínimo que podíamos fazer pela dezena e meia de homens que se juntaram neste desafio, era garantir-lhes o almoço. Até porque muitos deles faltaram ao trabalho para estarem aqui com os seus tractores. É um verdadeiro exemplo de cidadania", reconhece Marcelino Ramos Ferreira, presidente da autarquia.
Poupança de milhares de euros
A ideia de apelar à solidariedade dos cidadãos partiu do autarca de Sever e foi ditada pela escassez de recursos financeiros e pela urgência em criar condições nos acessos para o transporte da maçã.
"Reuni com o pessoal num sábado, e na segunda-feira seguinte já o grupo estava disponível", revela Marcelino Ferreira. Que voltou ontem, com todos os voluntários, para mais uma jornada de reparação e alargamento dos caminhos para os pomares. "Já temos transitáveis duas dezenas de quilómetros", regozija-se.
O autarca admite que se o serviço fosse pago, o investimento era incomportável para a junta.
"Contando que cada um dos 16 tractores custa 240 euros por dia, em dois, teríamos desembolsado cerca de oito mil euros. Sem contar as retroescavadoras da Junta e da Câmara e ainda a mão de obra", explica Marcelino Ferreira.
Outro factor de sucesso é a disponibilidade dos proprietários na cedência de terreno. "Sem essas faixas, não poderíamos, em alguns casos, avançar. Chegamos a deitar muros abaixo com o seu assentimento", enfatiza.
Os caminhos arranjados permitem que a fruta chegue sã às cooperativas. "Os atrelados podem transportar 14 palotes de maçã, cada um com 400 quilos, que se for entregue pisada sofre uma penalização de 10 a 15%", explica um dos homens que, como os demais, é produtor de maçã.
"Esta união de esforços fomenta o espírito de comunidade. O povo sabe que está a cuidar dos seus interesses e pode contar com os meios municipais", congratula-se José Eduardo, presidente da Câmara de Moimenta da Beira.
in JN
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIHHHHHHHHHHHHHH!!
Isso é tudo coisa de comuna e gente retrógrada, pá!!!!!!
O futuro está nos hegde funds, CDS's, titulos de divida pública e coisas assim, pá!! Isso da agricultura, da mão na enxada e no arado e tretas que tais é de outros tempos, diz que agora até há quem se alimente do ar e das "verdinhas"!!
Baaahhhhh! A agricultura não alimenta ninguém, e muito menos esses comunas da solidariedade e do bem comum!!! O futuro é cada um por si!!
Registo: Oct 24, 2004 Mensagens: 7607 Local/Origem: Carcavelos/Évora
Colocada: Qui, 27 Mai 2010 - 11:18 Assunto: Re: wazaa
zemi escreveu:
Wazaa, pesquiza a evolução dos sistemas sociais económicos e vê o que dizem da "fisocracia".
M.
Não percebi bem o conceito!
Qualquer das formas retenho duas coisas: excedente. O excedente na agricultura actual não é resultado de um processo natural, e sim de processos artificiais, como é por exemplo o casod os "excedentes" deitados ao lixo por causa das quotas de produção na UE. Ironicamente a Sul da UE (África) morre-se de fome!!!!
Por outro lado, o conceito de que o unico trabalho produtivo é a agricultura, ou pelo menos de que essa é a raiz de todo o trabalho produtivo, pode parecer simplista, mas não deixa de fazer pensar, se generalizarmos o conceito a "natureza", visto que mesmo a actividade industrial tem como raiz matéria prima retirada da Natureza. Mesmo as industrias quimicas ou de produtos totalmente sintéticos necessita de matéria prima retirada da Natureza... isso leva-nos à ideia de que quem trabalha no sector produtivo a que normalmente chamamos de primário é fundamental para a actividade económica das sociedades, seja ela qual for!
Pode-se falar do sector terciário, até pela forma como hoje é importante na economia, mas lá está: quem presta serviços, quem trabalha em bancos, na bolsa, etc não se alimenta de ar, nem de notas, nem de moedas. No fundo voltamos à raiz... sem a produção de alimentos e matérias primas básicas, não existe sociedade nem economia, ou seja, sem o sector primário, não existe sector secundário nem tão pouco terciário!
Esta é uma ideia em bruto. Pode ser que exista aqui uma falha, mas de momento não estou a ver!
Apesar de focar Cuba não o considero de todo um filme político e muito menos de propaganda. Ele apenas retrata e documenta o que aconteceu após o embargo no país no que toca à vida sem petróleo (ou com muito pouco - talvez menos do que 1/4 das suas necessidades na altura do embargo)
Registo: Jun 08, 2005 Mensagens: 4630 Local/Origem: Costa / Estremoz
Colocada: Qua, 07 Jul 2010 - 22:40 Assunto:
Citação:
O Renascimento de Moedas Regionais
Segredos do Euro 7
Por Rainer Daehnhardt
A grande maioria dos media europeus mantém-se calada em relação ao aparecimento de formas de pagamento regionais, dentro da zona do Euro. O jornal suíço “ZEIT-FRAGEN” (edição de 15 de Dezembro 2008, 16º ano, nº 51), porém, dedicou as suas primeiras duas páginas exclusivamente a este assunto.
Informa que já existem em circulação 16 (dezasseis) moedas regionais, e com crescente aceitação por parte das populações!
Os benefícios regionais são de tal ordem, que, facilmente, podem substituir o Euro, quando tal for considerado conveniente!
Por exemplo, as cédulas, também consideradas vales, denominadas “CHIEM-GAUER “, que de momento já existem em 640 estabelecimentos comerciais nesta zona da Alta Bavária, que aderiram aos pagamentos em notas de
Chiemgauer.
Os “Chiemgauer“ são vales regionais, emitidos com a classificação: “Vereins-interner Régio-Gutschein”, ou seja, vales internos de uma associação regional. São emitidos nos valores de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 Chiemgauer, atribuindo-se a cada Chiemgauer o valor de um euro.
O Governo Alemão Federal não sabe o que deve fazer! Se proíbe a circulação, tem parte da população bávara contra si, o que é politicamente inconveniente. Se permite a sua circulação, age contra ordens secretas de Bruxelas, que, preferivelmente não são mencionadas em público. Como a circulação dos Chiemgauer, é “apenas” de três milhões de euros por ano, consideram que o assunto não requer especiais cuidados.
Onde está a diferença entre o Chiemgauer e o Euro? A associação que emite o Chiemgauer assume o dever de reaceitar estes vales e de os pagar em euros.
Nos euros, porém, ninguém assume responsabilidade de nada!
A troca de Chiemgauer por euros tem, porém, um grande senão! Sofre uma desvalorização de 5%. Assim, quem tiver 100 Chiemgauer, que só têm validade na região do Chiemgau, vai ter de os gastar nesta região, para não perder os tais 5%. Não faz sentido levá-los para fora, pois não possuem valor e para os cambiar em euros perdem-se 5%.
Com este sistema, levantou-se a Alemanha nos anos trinta, causando náuseas aos banqueiros globalistas, que não têm assim qualquer lucro.
Com a circulação do Chiemgauer, fica o dinheiro na região, circulando do padeiro para o sapateiro e deste para outro trabalhador, que, de novo, o gasta no talho ou qualquer outro comércio da vila.
Para evitar que alguém acumule esta riqueza criada pela força do trabalho real, limitou-se a sua circulação pelo espaço de três meses, datando todos os vales. Assim, os mesmos têm de ser gastos ou trocados, neste último caso com uma perda de 5%.
Esta ideia da punição indirecta para quem acumulasse riquezas em dinheiro, já fora inventada no século XIII pelo Imperador Frederico Barba Roxa, com resultados altamente benéficos para o bem-estar do seu povo. Podemos assim olhar de forma positiva para a cada vez mais real probabilidade do desaparecimento do Euro. Vai significar um descalabro do sistema financeiro e bancário ainda vigente, mas uma transformação positiva para a Humanidade.
Quem pensa que nós não temos capacidades para criar moeda separada de Bruxelas, engana-se. Já nos anos vinte e trinta do século XX, houve muitas câmaras municipais portuguesas que fizeram frente à falta dos pequenos trocos, emitindo vales camarários, de circulação geral, que corriam como moeda legal.
Ainda na década dos anos setenta, houve casas comerciais em Ponta Delgada que, perante a grave crise da falta de pequenos trocos, carimbavam fragmentos do seu papel de embrulho, no qual escreviam um valor para vale, devidamente assinado e carimbado pela funcionária da caixa. Outros estabelecimentos houve, que imprimiram vales de pequenos valores, para trocos, com tal qualidade, que o Governo Regional pediu para os mesmos não serem postos em circulação, porque revelavam a grande facilidade com que se poderia criar moeda regional própria, o que era, então, considerado politicamente inconveniente (o resultado foi o arredondamento dos preços, algo altamente prejudicial para a população).
- Kennedy, Margrit, Lietaer, Bernard (2004): “Regionalwährungen- Auf dem Weg zu nachhaltigem Wohlstand, München.
- Gelleri, Christian (2005): “Assoziative Wirtschaftsräume in Fragen der Freiheit”,Bad Boll.
- Gesell,Silvio (1986): “Die natürliche Wirtschaftsordnung – Durch Freiland und Freigeld, Lauf.
- Lietaer, Bernard A. (1999): “Das Geld der Zukunft – über die destructive Wirkung des existierenden Geldsystems und die Entwicklung von Komplementärwährungen, Pössnek.
Por acaso antes de ler o último post , estava a pensar na desertificação de Portugal...
Por acaso desconhecia o sistema de "moedas regionais", aprendi umas coisas por aqui .
Talvez fosse algo interessante para combater a desertificação no interior Português , além da crescente população idosa , penso que o sair do interior para a cidade está a fazer grandes estragos.
Eu vou mais longe e sonho com uma carreira internacional... a ver vamos se encontrarei tal oportunidade.
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