BANZAI!! - Ah vai lá vai...

[thundercat]

30JAN2010

O Swell desceu. Não há campeonato em Pipe e o crowd está impossível. O mesmo em Rocky Point. Mesmo ao lado, a onda de leftovers oferece uns tubinhos engraçados mas muito, muito razos. Resolvemos chekar V-Land (Velzyland).

Crowd em Rocky Point


V-Land é lindo. O acesso, anteriormente público, agora é privado mas permite a caminhada até uma pequena baía. Um reef bem fora, do lado direito produz ondas de elevada qualidade: uma direita tubular e uma esquerda mais cheia.

Estão 5 putos numa secção mais interior do reef. Lá fora 2 havaianos, 2 bodyboarders, 2 americanos e 1 japonês. Um luxo!!

As ondas oscilam entre o 1mts e algumas maiores nos sets. Depois das bombocas de véspera em Haleiwa, a coisa fica mais fácil e dá para arriscar mais. Na primeira meto para dentro de um tubinho rápido, saindo com sucesso. Começa bem.

Um dos havaianos, já com uns bons 50 anos faz de árbitro, literalmente. Nunca tinha visto tal coisa. O gajo tem uma malibu e apanha com mestria as melhores do set, deixa passar algumas e aponta. Aponta ora para a onda e assobia, a chamar a atenção, ora aponta para um surfista e manda seguir. Passam muitas ondas por ele e fazemos muitas ondas sem ligar muito à coisa, mas quando o homem assobia e aponta tudo cumpre. Sistema engraçado, fico a pensar se será algum membro dos antigos black trunks que faziam a lei nos melhores dias de ondas em V-Land.

A chegada a V-Land


Com a chegada de mais crowd resolvemos acabar a sessão. Estava feito o serviço e tinhamos entretanto planeado fazer a primeira visita a Honolulu e às suas famosas praias de Waikiki e Ala Moana.

Honolulu é o oposto do North Shore. Em cada esquina um resort de 5 estrelas, repleto de japoneses, estende as suas esplandas pelos areais de Ala Moana e Waikiki.

Ala Moana é conhecida pelo seu bowl, uma onda que no verão atinge bom tamanho e dá altos tubos. Waikiki, bem... Waikiki é nada mais nada menos que a praia que deu origem a esta coisa engraçada que tanto gostamos e dá pelo nome de Surf!

É altamente comercial!? É, sem dúvida. Mas o espírito continua todo lá. Em Ala Moana familias descansam junto à praia, sempre com a prancha por companhia. Aqui é o garrafão de 5lts de tintol?? Ora lá são pranchas de surf...

Avançamos para waikiki, junto ao mar. Existem vários reefs bem fora, pejados de surfistas a desfazer 0.5mt de ondas e várias ondas nos reefs interiores. O paraíso de longboards, canoas, SUP's e tudo mais que se pode meter na água.

Figura incontornável da história Havaiana, e do surf, o Duke Kahanamoku está presente um pouco por todoo o lado. Os havaianos têm grande orgulho neste herói nacional, e 3 portugueses em particular ficaram, ainda mais, grandes admiradores.

Junto à placa que conta parte da história e assinala o local da antiga casa do Duke


Estátua em homenagem ao Duke - Waikiki Beach


- a história e os feitos do Duke Kahanamoku deveria ser leitura obrigatória para qualquer surfista que se preze. A divulgação do surf por todo o mundo por este homem está na origem do surf como o conhecemos, é o pai do surf moderno. A capacidades físicas de excelência, nadador olimpico e surfista, foi ainda nomeado embaixador do espírito Aloha. Há por aí muito narizinho empinado que devia aprender algo sobre este assunto...

[presley]

Estás na frente da corrida para "Melhor post do Inverno 09/10", e ainda nem acabaste.
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Do what you love and you'll never work a day in your life.

[YNWA]

De facto, tal como o rudas diz, o teu relato põe-nos a viajar pelo Hawaii.
Estou a adorar ler isto...!
Parabéns pela viagem e obrigado por partilhares connosco.

[S_o_B]

Alto posts Thunder! Vou ficar por aqui agarrado à espera dos proximos capitulos!
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Cumprimentos,
Sérgio B.

[Jorgius]

Grande Thunder, para já tá bom o espirito do Hawai deve ser mesmo uma maravilha(para mim deve mesmo ser o bom duma viagem destas)

esperamos pelo resto
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Ganha vendo anuncios!
http://www.neobux.com/?r=jorgius

[wazaaa]

Há muito muito tempo que não lia um tópico aqui no Atitude que me desse tanto prazer e me fizesse sonhar novamente!! Ainda nem vai a meio e já estou para aqui a babar desesperadamente à espera do próximo capítulo deste diário de "bordo"!!

Muito obrigado brother thunder, por nos fazeres sonhar e como dizia o rudas "viajar" também para o Havai!!

Um abraço

PS: fico à espera da próxima postada!!
PPS: devo dizer que a descrição desta viagem não deve nada (muito pelo contrário) às crónicas que aparecem pelas revistas de surf cá do burgo, de quando em vez!

[smurf]

Continua

[Ailton_Tavares]

[Migas]

Fabulástico o relato!! E os videos também, nesse capítulo adorei no vídeo de Pipe a sonora observação "deve ser o Bruce Irons ou uma merda dessas...", mais coisa menos coisa!!!!

Obrigado e um abraço,
Migas

[Dau]

sem dúvida, devias mandar o teu diário de viagem para a Soup

um abraço!
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Mar onde se esvai o meu corpo
Até se tornar em Mar, ele também

[Rádio Macau/O Elevador da Glória/Aos meus amores]

[mickey]

Granda brother, ainda bem que curtis-te e divertiste muito acima de tudo teres apanhado boas ondas... um sonho tornar-se realidade é muito bom e tu conseguis-te realizar o teu, concerteza que é uma lembrança para sempre ... Grande abraço e até breve!!
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Trilogy Surfboards / JANGA / D-code / SCS Surf Shop

[thundercat]

31JAN2010

O dia amanhece bastante cinzento, a prometer chuva. Seguimos a nossa rotina, que dificilmente se tornará monótona - checkar Pipe, e depois arredores...

O swell subiu mas o mar está bastante ressacado. Sunsent impraticável tal como V-Land. Não conseguimos perceber se é da direcção do swell, se do vento (que até nem é muito) ou tudo junto.

Supreende-nos o facto de o WQS estar ON. Devem ser questões de agenda. Resolvemos apreciar o show dos heats iniciais.

Mesmo longe de perfeito - The show must go ON


As condições que os atletas enfrentam não são nada fáceis. Alguns close-outs perfeitos arrancam gritos dos bastantes espectadores que assistem na areia. Pranchas partidas é mato. Cambada de doidos!!

Está uma manhã desconfortável. Humidade extremamente elevada, sol escondido e eis que a promessa se cumpre, começa a chover e bem. Procuramos guarida debaixo da tenda da Billabong onde está também esse monstro sagrado da fotografia e waterman por excelência, Mr. Mark Cunningham. Este senhor que já vai nums bons 60 anos não hesita em entrar em Pipeline potente e afiada, para sacar uns bonecos com a sua caixa estanque.

Abrigados debaixo da tenda, Cunningham ao fundo na foto, qual emplastro no ombro do brother Leo


Fartos da chuva e com mais vontade de fazer surf do que ver os outros, resolvemos arrancar para o outro lado da ilha, à procura de um pouco de sol e de ondas mais amenas.

A caminho do lado sul, as montanhas ao fundo são a fronteira para a costa oeste, a estrada é ladeada durante vários kms por imensos campos de ananás...


Mais uma vez escolhemos a onda de Tracks para a nossa sessão. O sol volta a brilhar e nem o swell pequeno nos desanima. O mar está glass, as ondas chegam a 1 mt nos sets e dá para matar saudades de um surf mais "hotdog".

Satisfeita a nossa vontade, e face às condições, optamos por dedicar a tarde a explorar um pouco mais de Honolulu. Concentramos as nossas atenções em Pearl Harbour, esse marco na história mundial.

Chegamos infelizmente muito perto da hora de encerramento, pelas 16h30, o que nos permite apenas observar parte dos monumentos. Este aperitivo apenas nos veio aguçar, e muito, a curiosidade e a vontade de visitar com mais tempo este espaço.

Um submarino sobrevivente do famoso bombardeamento


De volta ao North Shore, as condições de surf são mínimas, mas a previsão promete boas ondas de 5 a 8 pés para o dia seguinte. Jantamos em Haleiwa, no restaurante Taste of Paradise. Comida deliciosa e bom ambiente.

Jantar no "Taste of Paradise" - Muito bem frequentado por sinal


- nem só de surf vive o homem, ainda para mais quando no paraíso as condições estão longe de ideais, o que também acontece. Nesses casos sente-se o isolamento do North Shore, felizmente que Oahu tem muitos mais atractivos. Pearl Harbour faz arrepios, merece uma visita mais atempada que obviamente fizémos logo que possível.

[RubenCaparica]

Boa noite thundercat, tenho a dizer que desde que cheguei ao forum,este é sem duvida um topic que me deixa agua na boca do principio ao fim. A viagem que estás a relatar, é o sonho de muitos incluindo o meu que ainda nao tenho vida necessaria nem condiçoes financeiras para a fazer mas que com este topic so me da mais vontade de trabalhar para isso

Continua que a malta está a gostar, entao aqueles pipes *.*

Abraço

[ElStef]

Relato muito bom Thunder...fico a espera das vossas aventuras californianas...
_________________
Aloha
ElStef

[caparica_local]

atao e fotos so surfe? nao teem?
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[vi]

[caparica_local]

fotos dos viajantes a surfar vi
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[thefancho]

BEST POST EVER!!

Ainda por cima estive a planear uma viagem ao Hawaii que acabei por adiar, o apetite ficou ainda mais aguçado!!

Hasta
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Life is a Beach!

[Baiuks]

Grande Post Thunder. Continua! Adorei ler os relatos da viagem até agora, fenomenal!

Keep them coming!
Carla
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Lisbon, Portugal

[Mnel]

Obrigado pelos momentos de excelente leitura !!!

Keep'em comin'

[thundercat]

Obrigado pelos comments malta, hoje vou tentar adiantar mais uns dias, que por sinal foram os dias das melhores surfadas e não só...

[caparica_local]

[thundercat]

01FEV2010

O dia começa com a habitual rotina de checkar as ondas. É quase como ter que ir trabalhar, mas com outro tipo de disposição!!

V-Land até está apetecível mas resolvemos ver todo o "7 mile miracle" e ver o que temos hoje no menu. Chegamos ao Eukhai Beach Park e reparamos que estava a confusão instalada. Razão? Estava para começar a final do WQS.

Ora um espectáculo destes, ao pequeno almoço é algo que não se desdenha. A praia repleta de gente, escolhemos um lugar na plateia e ficamos a babar a olhar para as

Imagens da final...



A meio da final estava a ver o caso mal parado para o JOB, mas o homem não é pipe master por acaso e lá despachou a coisa. Imagino a festa que não terá sido naquela Volcom House e arredores (a casa do JOB é mesmo ao lado da 2ª casa da Volcom)

JOB a dar entrevistas após mais uma vitória no quintal de casa...


O nível de surf deixou-nos a mil. A manhã está solarenga, o swell consistente e sopra uma ligeira brisa offshore. Está na hora de molhar os pés.

Com a ideia no power de Haleiwa não resistimos ainda assim a ver outras ondas pelo caminho. Alligators estava a quebrar com 3 pessoas, mas a onda era apenas um drop voador e um tubo rápido. Apenas...

Alligators até nem estava mauzinho, mas...


Avançamos e entre o reef de Laniakea e Chun's Reef quebra uma onda que dá pelo nome de Jokos. É essencialmente uma esquerda bem outside, para terem uma ideia a remada é maior que Lagido ou Ponta Ruiva. Por falar nesta última, talvez hajam algumas semelhanças. Não é uma onda com muita parede armada, antes, tem 2 ou 3 metros de parede, mas comparando com a Ruiva, muito mais vertical.

Da praia parece ter 1.5mts, talvez mais, e dá uma secção tubular. Por vezes também dá direita para o lado de Laniakea. O crowd está nuns modestos 10 ou 12. Calmo. Apenas 3 havaianos ignoram quem os rodeiam e vão sempre para o pico. Fazem bem, estão em casa!!

Sobram muitas ondas, os sets não param de bombar e vêm algumas com mais de 2 mts. O vento roda ligeiramente para sideshore anulando a secção tubular, ainda assim é uma onda deliciosa, longa e potente. Encho a mala, dropo das grandes, sentido-me cada vez mais à vontade (mais tarde o brother Bitang até diria que estava endiabrado ahahahah).

Foram ainda umas horitas nisto. O canal, infalível, devolvia-nos em total segurança para o pico e era lugar priveligiado para ver tartarugas. Cheguei a estar a menos de 1mt de um par delas.

No regresso a terra, um aviso que é tudo muito giro mas não deixa de ser a sério. O "tal canal" no inside é um rápido duro de vencer, obrigando a uma remada forte e consistente até se atingir terra firme.

Cheios de fome, resolvemos fazer logo ali em Jokos um picnic e aproveitar o sol. O cansaço da sessão e o embalo da Bud Light deixam-me KO e adormeço (adormecemos) literalmente no paraíso.

Acordamos com fome de ondas e Haleiwa (já tinha dito que nos caiu no goto??) foi o destino. Ondas um pouco mais pequenas e mais crowd não evitaram a 2ª sessão do dia. A constratar com a primeira, desta vez o crowd estava impossível. Com as ondas mais pequenas instalou-se a anarquia total. Dropinos em catadupa. Na minha conta pessoal foram 3 seguidos. Depois lá faço uma onda sózinho e termino a dropinar alguém enquanto sou dropinado por outros 2. Bem Vindos ao paraíso, not!!! LOL

Terminamos a tarde a passear pelo marketplace de Haleiwa, que consta de uma restaurantes/cafés, surfshops, galerias e museu. Deixamos a visita ao museu para outro dia, com mais tempo, mas por aqui as surfshop também são autênticos museus.

Pormenores da loja da Quik em Haleiwa...




Lá por ser surfista não quer dizer que não se aprecie arte... Weyland Galleries, visita obrigatória!


Um dia em cheio merecia um repasto de grande nível. Jantamos no Joe's um delicioso fillet mignon bem regado com um tinto californiano - "Earthquake", nome sugestivo e bem agradável, com recomendação da nossa waitress de serviço: "I'm sure you're gonna to enjoy it".

Oh... yes I will (I would)

- um dia em cheio, North Shore no seu melhor, mágico. O Sol, o surf de grande nível em Pipeline, as ondas excelentes, as tartarugas, amigos e fillet mignon?? Belisquem-me carago...

[thundercat]

02FEV2010

Bora Pessoal, grita o Brother Leo invariavelmente o primeiro a acordar (e a adormecer lolol). Não há vento algum e apenas uma ligeira nebulosidade, daquela que levanta logo que o sol se digne a despertar também.

A glassada é fabulosa, o crowd está apenas nuns meros 30 talvez 40 surfistas. Apenas... devem estar todos de ressaca da festa do O'brien Pipeline quebra perfeito com cerca de 2mts. A maré vazia deixa os calhaus do inside à mostra e o canal que fica entre a famosa onda e o beachbreak parece uma auto-estrada.

É hoje!!

Ainda não tínhamos surfado qualquer pico deste trecho de costa, o mais conhecido do mundo, e começamos logo pela raínha. Só a decisão de ir provocou ansiedade, um brilho nos olhos e um sorriso silencioso...

Percorro com o brother Bitang um areal estranhamente calmo, até nos posicionarmos em frente à casa da Volcom. Sorrimos, sabemos que esta viagem está a ser histórica, mas hoje, hoje é Pipeline, quantos sonhos (e pesadelos) já foram feitos, refeitos e desfeitos sobre esta mitíca onda.

Chego lá fora sem molhar o cabelo e nem 5 minutos espero para apanhar a primeira onda. Uma para Pipe (ou seja, esquerda) com 1mt. Água de um azul transparente debaixo da prancha, parede vertical, umas rasgadas, coração a mil... esta já está, já ninguém a tira!!!

Volto para o outside e nem 5 minutos espero para apanhar a segunda onda. Agora um pouco maior, mais umas rasgadas, estou a mil... O crowd vai tentando acompanhar o pico que oscila alguns metros ora para a esquerda ora para a direita. Não vejo nenhum dos temíveis locais na água, mas há sempre uns mais afoitos, com cara de havaianos, direitos ao pico a dar voltinhas. Da prozada só identifico um dos manos Gadauskas.

Continuo em sintonia com o mar e confiante. Apanho mais 1 onda, tento encaixar e levo com a lipada nas costas. Uii pesada e com um belo arrasto. De volta ao outside faço um duckdive numa de 1.5mt e deixa-me debaixo de água mais tempo do que habitual. Pesada? Bolas, metam lá pesada nisso...

Consigo fazer mais 2 ondas, num total de 5. Talvez palermice, mas tenho-me sentido em sintonia com o mar toda a viagem, e hoje com 5 ondas de Pipeline no bucho, já estou por tudo.

Os sets já entram com mais de 2mts, nota-se pelo sugar da água que a bancada é rasa, mas a vontade de enfiar a 6'4 naqueles buracos é enorme!! Pelo meio, e pura sorte, ou sintonia, lá vem mais uma a chamar por mim. Não tem mais de 1.5mts e resolvo arrancar para a direita.

"Bora lá experimentar Backdoor!!"
Drop tranquilo, parede imensa armada à minha frente, atraso com a mão e deixo a cortina cair por breves segundos. Saída sequinha, vira na base, rasgada a meio, a onda parece nem diminuir, a água fica branca e eis que ripa-na-rapaqueca!!!!

A velocidade é tão elevada que ainda estou a tentar ler a onda quando poucos metros à frente já vejo uns cabeços de fora e o mar transformado em Jacuzzi!!!

Tempo de abortar, saltar por cima de uma espuma que ainda dá pelo peito e que me manda com bilhete de ida direitinho ao calhau. Bam!! Welcome to backdoor!! Dassse...

Saio com a adrenalina a mil. Avalio os estragos: corte no peito, raspão no cotovelo, doi-me as costas e a perna, mas estou vivo e consigo andar. Vou para o carro de crista baixa e a pingar sangue pelo famoso areal. O Mark Cunningham, que se preparava para entrar e fazer fotos, até se assusta quando passo por ele:

- "What the hell happened to you man??".
- "Got greedy on backdoor, payed my dues" respondo-lhe...



Manda-me ir ter com o filho que é nadador salvador em Pipe, o que faço já na companhia do Bitang, e lá me dão material para limpar as feridas. Começo a arrefecer e uma dor intensa na coxa direita mal me deixa andar. Altura de cortar para canto e regressar a casa.

Feridas tratadas, siga viagem, the show must go on. Não surfamos mais hoje e decidimos continuar a fazer história, desta feita dedicando a tarde a visitar Pearl Harbour.

Entre outros, um dos monumentos que se pode visitar é um submarino "USS Bonefish" que sobreviveu ao terrível ataque japonês. Junto a ele está o museu da marinha.

Visitar o submarino, ler as histórias, ver as fotos e os vídeos, é tudo impressionante e é lidar com a história mundial na 1ª pessoa. Dei por muito bem empregue todos os segundos que por ali passei, saindo com vontade de aprender ainda mais sobre os acontecimentos da época.



"Onde estão os rastejantes hã?? Onde estão???"




A tarde terminou com uma visita ao lado Este da ilha, nomedamente à zona de Diamond Head onde pelo nível das casas é sem dúvida onde vive a classe alta do Havai. Surpreendentemente, ou talvez não, até aí estavam a dar umas belas ondas em alguns reefs.

Um pico mesmo em frente ao vulcão Diamond Head


Mais um dia em cheio. Hoje jantamos em casa, preciso de lamber as feridas...

- dia histórico, de emoções fortes, mas também dia de encaixar uma bela lição. Há quem leve temporadas e temporadas até se habituar ao power havaiano. Pipeline não é brincadeira, muito menos Backdoor. Ok, é mais perigoso com maré vazia e ondas pequenas, mas gosto de pensar que paguei um baixo preço para alguma ousadia. Foi uma preço baixo, e uma lição bem aprendida para fazer 6 ondas na onda mais famosa do mundo! Mahalo

[xico]

(perdoa-me thundercat a intromissão. excelente relato, estas-nos a levar a todos lá, mas voltando ao assunto, isso não são feridas, são condecorações )